Não é novidade que, para qualquer empresa, a segurança do trabalho funciona não apenas como uma exigência regulatória, mas como um pilar fundamental para a saúde organizacional e o bem-estar dos colaboradores. Em um panorama onde a eficiência operacional e a segurança são indissociáveis, é importante que as organizações sejam versáteis para garantir a segurança de forma preventiva e também analítica. Dentro desse cenário, é importante destacar que a segurança do trabalho é um desafio que vai além das práticas preventivas diárias, sendo um problema estrutural e sociotécnico para as empresas, que podem e devem basear suas soluções na área de segurança em estudos de casos e acidentes passados. Assim, este processo de análise pode ser apresentado da seguinte maneira:
O que é a CAST?
A partir dessa estrutura para estudo, a metodologia CAST (Causal Analysis based on Systems Theory) é uma técnica que tem por objetivo auxiliar a compreensão dos processos por trás de um acidente e identificar os fatores causais envolvidos, possibilitando a capacidade de examinar todo o arranjo por trás da segurança do trabalho e suas fragilidades. Baseando-se na teoria dos sistemas, a CAST parte do princípio de que todo comportamento e erro humano é afetado pelo contexto onde ocorre. Combinando isso ao rigor analítico, essa abordagem estuda as complexidades por trás dos incidentes no local de trabalho, guiando as organizações rumo a uma prática mais segura e abrangente de gestão de riscos. Resumindo: ao aplicar CAST, as organizações podem identificar não apenas os fatores imediatos que contribuem para os acidentes, mas também as deficiências sistêmicas que permitem que essas condições existam.
Princípios e implementação
Como base para seus princípios, a CAST propõe uma alteração de foco:
Assim que definido este objetivo de estudo, pode-se partir para as etapas de fato da técnica:
Coleta de informações básicas:
Essa é a etapa inicial responsável por definir as fronteiras do sistema de falha em análise, ou seja, é aqui que se reúnem todos os dados relevantes ao incidente de segurança, como relatórios, testemunhos de funcionários e registros de equipamentos, para entender até onde a falha se estende, qual foi o acidente de fato e quais eventos, perigos e restrições envolveram todo o ocorrido. Por exemplo, após um acidente numa linha de montagem, seriam coletadas informações sobre as condições de trabalho prévias e no momento do incidente, buscando o contexto operacional.
Modelagem da estrutura de controle da segurança:
A modelagem da estrutura de controle é o processo de entendimento claro dos processos e da hierarquia interna da empresa que influenciam a segurança. Mapear fatores como as relações entre as funções da organização e as passagens de ordem e de operações é fundamental para compreender como os controles de segurança não foram eficazes. Usando o exemplo anterior, isso significaria mapear como as políticas de manutenção são determinadas, comunicadas e implementadas, identificando onde os processos podem ter falhado ou não sido seguidos corretamente.
Análise dos componentes da falha:
A análise detalhada dos componentes que falharam revelará as falhas específicas que levaram ou contribuíram com o incidente. Isso pode incluir uma revisão técnica do equipamento que falhou, avaliando se a falha foi causada por desgaste, defeito de fabricação, erro humano, condições de trabalho inadequadas ou falha no design.
Identificação de falhas nas estruturas de controle:
Esta etapa pode ser considerada a mais importante da metodologia, pois é aqui que se vai além da identificação de componentes defeituosos e se aprofunda nas políticas, processos e práticas organizacionais para encontrar falhas sistêmicas, como comunicação, coordenação, sistema de informação e cultura. Por exemplo, se um procedimento padrão não foi seguido, deve-se investigar se isso ocorreu devido à falta de clareza nas instruções, falha na comunicação, supervisão insuficiente ou pressão de tempo. Isso pode revelar problemas mais profundos, como uma cultura organizacional de negligência que não valoriza a segurança suficientemente.
Criação de programas de melhoria:
O desenvolvimento de um programa de melhorias é um processo complexo que requer a integração das descobertas das etapas anteriores em um plano de ação claro e executável. Isso envolve não apenas a correção das falhas identificadas, mas também a prevenção proativa contra falhas futuras. O programa pode incluir mudanças técnicas, como a atualização ou substituição de equipamentos, e mudanças organizacionais, como a reformulação dos processos de treinamento, introdução de melhores canais de comunicação e reforço da cultura de segurança.
Conclusão
Ao explorar as interseções entre a segurança do trabalho e a metodologia CAST, esperamos ter destacado a importância de uma abordagem sistêmica e metódica para a prevenção de acidentes e a promoção de um ambiente seguro. Adotar esta técnica não é apenas uma estratégia de diminuição de riscos, mas um compromisso com a excelência operacional e a proteção do ativo mais importante: os colaboradores. Por fim, é importante destacar que, além da execução propriamente dita da metodologia, é fundamental para as organizações e para a segurança do trabalho que as mudanças culturais sejam concretizadas e as lições aprendidas, definindo e padronizando processos para evitar que os acidentes se repitam.